Você já parou para pensar para onde vai o lixo orgânico que geramos todos os dias? Restos de comida, cascas de frutas, borra de café… tudo isso, quando descartado no lixo comum, acaba em aterros sanitários, contribuindo para a emissão de gases do efeito estufa e agravando problemas ambientais nas cidades.
Nas áreas urbanas, onde o espaço é limitado e a rotina muitas vezes corrida, a compostagem ainda é vista como algo distante ou complicado. No entanto, a verdade é que compostar é totalmente possível – e extremamente benéfico – mesmo morando em apartamento ou em casas pequenas. Além de reduzir drasticamente a quantidade de lixo gerado, a compostagem transforma resíduos orgânicos em adubo rico e natural, que pode ser usado em plantas, hortas urbanas ou doado para projetos locais.
Por que falar de compostagem urbana?
A compostagem é uma das formas mais simples e eficazes de reduzir o impacto ambiental do nosso dia a dia. Em vez de descartar restos orgânicos no lixo comum, podemos transformá-los em adubo rico em nutrientes, devolvendo à terra aquilo que veio dela. No contexto urbano, onde os desafios ambientais são cada vez maiores, compostar é um ato de consciência e cuidado com o planeta.
O problema do lixo orgânico nas cidades
Nas cidades, a maior parte do lixo que produzimos é composta por resíduos orgânicos, como restos de alimentos e sobras de jardinagem. Quando descartados de forma inadequada, esses materiais acabam em aterros sanitários, gerando gás metano — um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, o excesso de lixo orgânico atrai pragas, gera mau cheiro e sobrecarrega os sistemas de coleta pública.
É possível compostar em apartamento? Sim!
Muita gente acredita que compostar exige quintal, tempo ou espaço de sobra — mas isso não é verdade. Com os métodos certos, é totalmente viável fazer compostagem em pequenos espaços, como varandas, áreas de serviço ou até debaixo da pia. Além de ajudar o meio ambiente, você ainda produz um adubo natural que pode ser usado em plantas, hortas urbanas ou doado.
O que você vai descobrir neste artigo
Se você quer começar a compostar, mas não sabe por onde começar, este conteúdo é pra você. Vamos apresentar 5 tipos de compostagem ideais para quem mora na cidade, com diferentes níveis de complexidade, espaço e praticidade. No final, você vai poder escolher o método que melhor se encaixa na sua rotina e dar o primeiro passo rumo a uma vida mais sustentável.
1. Compostagem Doméstica com Minhocas (Vermicompostagem)
O que é e como funciona.
A vermicompostagem é um método de compostagem que utiliza minhocas — geralmente da espécie Eisenia fetida, conhecidas como “minhocas californianas” — para decompor resíduos orgânicos. Essas minhocas se alimentam dos restos de comida e transformam o material em húmus, um composto riquíssimo em nutrientes para plantas.
O processo é natural, limpo e extremamente eficiente. As minhocas fazem praticamente todo o trabalho, acelerando a decomposição e garantindo um adubo de alta qualidade.
Materiais necessários
Para começar sua vermicompostagem em casa, você vai precisar de alguns itens básicos:
Minhocário: Pode ser comprado pronto ou feito com baldes ou caixas plásticas empilhadas, com furos para ventilação e drenagem.
Minhocas californianas: Elas são as protagonistas do processo e podem ser adquiridas em lojas especializadas ou com produtores locais.
Resíduos orgânicos: Restos de frutas, legumes, cascas, borra de café, entre outros (sem temperos ou alimentos de origem animal).
Vantagens
Alta eficiência na decomposição dos resíduos.
Baixo odor, desde que feita corretamente.
Produção de húmus e biofertilizante líquido, ótimos para plantas e hortas.
Autossustentável e silenciosa, ideal para quem quer começar sem complicação.
Ideal para quem mora em apartamento
Se você vive em apartamento ou tem pouco espaço disponível, a vermicompostagem é uma excelente opção. O minhocário pode ser mantido na varanda, lavanderia ou até mesmo na cozinha, desde que esteja bem ventilado e protegido do sol e da chuva. É um sistema compacto, discreto e de fácil manutenção.
2. Compostagem Seca ou Bokashi
O que é o método Bokashi e como funciona
O Bokashi é um método de compostagem de origem japonesa baseado na fermentação anaeróbica — ou seja, sem a presença de oxigênio. Em vez de deixar os resíduos se decompor naturalmente, o processo acelera a quebra dos materiais orgânicos através da ação de micro-organismos eficientes (EM) contidos em um farelo especial chamado farelo Bokashi.
Ao adicionar esse farelo sobre camadas de resíduos dentro de um balde vedado, inicia-se uma fermentação controlada que elimina odores desagradáveis e preserva os nutrientes do alimento. O resultado é um composto pré-fermentado que pode ser enterrado no solo, colocado em composteiras convencionais ou usado para enriquecer substratos de plantas.
Equipamentos necessários
Balde Bokashi com tampa vedada e torneira (para drenar o líquido gerado durante o processo).
Farelo Bokashi (rico em micro-organismos eficientes, pode ser comprado pronto ou feito em casa).
Resíduos orgânicos (incluindo alimentos cozidos, carnes, laticínios e cítricos — que outros métodos geralmente não aceitam).
Vantagens do método Bokashi
Processo rápido, com fermentação em poucos dias.
Sem cheiro forte, ideal para ambientes internos.
Aceita quase todo tipo de resíduo orgânico, inclusive restos que normalmente são evitados em outros tipos de compostagem (como carnes e frutas cítricas).
Compacto e prático, exige pouco espaço e esforço.
Ideal para quem quer praticidade e mora em ambientes fechados
Se você vive em apartamento ou em uma casa com pouco espaço externo, o Bokashi é uma excelente solução. O sistema é fechado, não atrai insetos e pode ser mantido facilmente na cozinha ou área de serviço. Além disso, é ideal para quem busca um método rápido, eficiente e que exija o mínimo de manutenção diária.
3. Compostagem em Baldes (Compostagem de Apartamento)
Um método simples e acessível
A compostagem em baldes é uma alternativa prática e de baixo custo, perfeita para quem está começando ou mora em apartamento. O sistema consiste em empilhar baldes plásticos com furos estratégicos para permitir ventilação e escoamento do excesso de líquidos. Mesmo sendo um modelo simples, ele é muito eficiente e pode ser montado com materiais reciclados ou facilmente encontrados em lojas de utilidades.
Passo a passo para montar sua composteira com baldes
Escolha 3 baldes plásticos com tampa (baldes de tinta, por exemplo), todos do mesmo tamanho.
Faça furos na parte inferior de dois baldes (para drenagem) e nas laterais (para ventilação). O balde que vai ficar por baixo deve ficar sem furos e servirá para coletar o chorume (líquido gerado na decomposição).
Empilhe os baldes: o de coleta embaixo e os dois furados acima.
Comece a compostar: vá intercalando camadas de resíduos orgânicos (como cascas de frutas e legumes, restos de alimentos crus) com matéria seca (folhas secas, serragem, papel picado).
Mexa o conteúdo a cada poucos dias para garantir a aeração.
Quando um balde estiver cheio, troque a posição com o outro e deixe o cheio descansar, enquanto continua compostando no vazio.
Vantagens da compostagem em baldes
Custo baixo: pode ser montada com materiais reaproveitados.
Fácil de montar e adaptar de acordo com o espaço disponível.
Não exige muitos cuidados técnicos, ideal para iniciantes.
Compacta: pode ser colocada em áreas como lavanderia, varanda ou até debaixo da pia.
Ideal para quem está começando e tem pouco espaço
Este método é ótimo para quem quer começar a compostar de forma simples, sem investir muito e sem ocupar grandes áreas. É especialmente indicado para apartamentos pequenos e para pessoas que querem entender o processo de compostagem antes de investir em sistemas mais elaborados.
4. Compostagem Comunitária
O que é e como participar de iniciativas coletivas
A compostagem comunitária é uma solução coletiva e colaborativa para o descarte consciente de resíduos orgânicos. Em vez de cada pessoa compostar individualmente em casa, moradores de uma mesma região se unem para utilizar um espaço comum — como praças, hortas urbanas, escolas ou centros comunitários — onde os resíduos são transformados em adubo.
Para participar, basta procurar um ponto de coleta próximo ou um projeto ativo no seu bairro. Algumas iniciativas aceitam doações semanais de resíduos, outras envolvem oficinas, mutirões e ações de educação ambiental.
Benefícios sociais e ambientais
Redução significativa do lixo orgânico urbano, aliviando os aterros sanitários.
Produção de adubo natural que pode ser usado em hortas comunitárias ou jardins públicos.
Fortalecimento dos laços comunitários, incentivando a colaboração entre vizinhos.
Educação ambiental prática, especialmente importante para crianças, jovens e escolas.
Inclusão social, com possibilidade de geração de renda para cooperativas e catadores.
Exemplos de programas em cidades brasileiras
Composta São Paulo (SP): projeto pioneiro que oferece composteiras para moradores e incentiva a criação de pontos de entrega voluntária.
Projeto Ciclo Orgânico (RJ): serviço de coleta de resíduos orgânicos por assinatura, com retorno de adubo aos participantes.
Hortas Urbanas em Belo Horizonte (MG): várias hortas comunitárias trabalham com compostagem local, integrando alimentação saudável e reaproveitamento de resíduos.
Composta Recife (PE): ações educativas e pontos de compostagem espalhados pela cidade.
Ideal para quem não pode compostar em casa, mas quer participar ativamente
Se você não tem espaço, tempo ou estrutura para compostar onde mora, a compostagem comunitária é uma excelente alternativa. Ela permite que você descarte seus resíduos de forma ecológica e ainda contribua para um projeto coletivo com impacto real na sua comunidade. Participar é uma forma de fazer a diferença — mesmo sem uma composteira em casa.
5. Compostagem com Peneiras ou Caixas Empilhadas
Sistema vertical, ótimo para varandas e quintais pequenos.
A compostagem com peneiras ou caixas empilhadas é uma ótima opção para quem tem um espaço moderado, como uma varanda, quintal pequeno ou área de serviço. Trata-se de um sistema vertical, no qual os resíduos são colocados em caixas sobrepostas — geralmente três ou mais — e passam por diferentes fases de decomposição até virarem adubo.
Essa estrutura aproveita a altura em vez da largura, o que a torna perfeita para ambientes urbanos com espaço limitado, mas com alguma ventilação natural.
Como montar e manter o sistema
Separe 3 caixas plásticas empilháveis, com tampa e furos nas laterais e na base (para ventilação e drenagem).
A caixa de baixo servirá para coletar o chorume (líquido orgânico), então não precisa de furos na base.
As caixas superiores são usadas para compostagem ativa. Vá alternando camadas de resíduos orgânicos (frutas, legumes, borra de café) e matéria seca (folhas secas, papel picado, serragem).
Quando a primeira caixa estiver cheia, troque de posição com a de cima e continue a compostagem.
Mantenha o conteúdo arejado, revolvendo levemente a mistura de tempos em tempos.
Em algumas semanas, o material se transforma em húmus pronto para o uso.
Vantagens desse modelo
Economia de espaço, por ser um sistema vertical.
Ciclo contínuo de compostagem, sempre com uma caixa sendo alimentada, outra descansando e uma com adubo pronto.
Fácil manuseio e manutenção, sem necessidade de muito esforço físico.
Sistema limpo e organizado, ideal para quem gosta de praticidade.
Ideal para quem tem espaço moderado e quer um sistema contínuo
Se você tem uma varanda, lavanderia ou quintal pequeno e está buscando um método que funcione de forma contínua e eficiente, a compostagem em caixas empilhadas é perfeita. Ela se adapta bem a ambientes urbanos e permite que você tenha adubo fresco o ano todo, sem complicações.
Comparativo Rápido: Qual é o Melhor Tipo para Você?
Tabela comparando: espaço necessário, facilidade, velocidade, custo.
| Tipo de Compostagem | Espaço Necessário | Facilidade de Uso | Velocidade do Processo | Custo Inicial |
| Vermicompostagem (minhocas) | Pequeno (apto/quintal) | Média (requer cuidado com minhocas) | Rápida | Médio |
| Bokashi (compostagem seca) | Muito pequeno (cozinha) | Alta (processo fechado) | Muito rápida | Médio a alto |
| Baldes (caseira e simples) | Muito pequeno | Alta (ideal para iniciantes) | Média | Muito baixo |
| Comunitária | Nenhum (fora de casa) | Alta (não precisa fazer em casa) | Variável | Gratuito ou simbólico |
| Peneiras/Caixas empilhadas | Espaço moderado | Média (exige manejo regular) | Média a rápida | Baixo a médio |
Qual combina com você? Sugestões por estilo de vida
🏢 Moro em apartamento e tenho pouco tempo
➤ Bokashi ou compostagem em baldes são ideais. São compactos, discretos e fáceis de manter.
🌱 Quero me envolver mais com o processo e cuidar das minhocas
➤ Aposte na vermicompostagem! É eficiente, educativa e gera adubo de altíssima qualidade.
👨👩👧 Tenho família e queremos uma atividade educativa em casa
➤ Peneiras ou caixas empilhadas funcionam bem, especialmente se houver uma varanda ou quintal pequeno.
🛋️ Não tenho espaço nem tempo, mas quero ajudar o planeta
➤ A compostagem comunitária é perfeita: você descarta corretamente seus resíduos e ainda apoia iniciativas locais.
💡 Quero experimentar sem gastar muito
➤ Comece com a compostagem em baldes. É simples, barato e ajuda a entender o processo antes de investir mais.
Dicas Extras para Quem Mora na Cidade
O que pode e o que não pode ser compostado
Para garantir uma compostagem saudável e sem problemas, é essencial saber o que pode (e o que não pode) ir para a composteira. Veja abaixo:
✅ Pode compostar:
Cascas e restos de frutas, legumes e verduras
Borra e filtro de café, saquinhos de chá (sem grampos)
Restos de alimentos crus
Folhas secas, papel sem tinta colorida, guardanapos usados
Serragem e aparas de madeira sem verniz
🚫 Evite compostar (principalmente em sistemas caseiros):
Carnes, peixes e laticínios
Alimentos muito gordurosos ou temperados
Fezes de animais domésticos
Frutas cítricas em excesso (exceto no Bokashi)
Restos de alimentos cozidos (exceto no Bokashi)
Como evitar cheiro e insetos
Um dos maiores receios de quem mora em apartamento é o mau cheiro ou o aparecimento de mosquinhas. Mas com alguns cuidados simples, isso pode ser facilmente evitado:
Equilibre os resíduos: sempre cubra os restos de comida com matéria seca (serragem, folhas, papel picado).
Evite excesso de umidade: escorra bem alimentos muito úmidos e use um pouco mais de matéria seca se necessário.
Mantenha a composteira arejada: sistemas com ventilação adequada evitam fermentações indesejadas.
Feche bem as tampas: isso ajuda a manter as moscas longe.
Higienize periodicamente os recipientes e observe o funcionamento do sistema.
E se você não puder compostar? Alternativas sustentáveis
Nem sempre é possível montar uma composteira em casa, e tudo bem. O importante é dar um destino responsável aos seus resíduos. Veja algumas opções:
🥬 Doe seus resíduos para quem compostagem: procure vizinhos, hortas urbanas ou grupos locais.
♻️ Pontos de coleta voluntária: algumas cidades oferecem espaços públicos onde você pode entregar seus resíduos orgânicos.
🌱 Assine um serviço de coleta de compostagem: iniciativas como o Ciclo Orgânico (RJ) ou outras empresas locais fazem a coleta e retornam com adubo.
🧑🤝🧑 Participe de projetos de compostagem comunitária, como os que falamos anteriormente.
Essas pequenas atitudes, mesmo em ambientes urbanos, contribuem para um planeta mais saudável e uma vida mais sustentável 🌎💚
Conclusão
Compostar na cidade é possível — e necessário
Em meio ao concreto, ao corre-corre e à rotina urbana, a compostagem surge como um gesto simples, mas poderoso. Ela reduz o volume de lixo nos aterros, diminui a emissão de gases poluentes e ainda transforma restos de comida em vida nova para o solo. Mesmo morando em apartamento, com pouco espaço ou tempo, é possível fazer a diferença.
Encontre o método que combina com você
Seja com baldes, minhocas, farelo Bokashi ou ajudando em um projeto comunitário, o importante é começar. Testar diferentes métodos pode ser até divertido — e logo você vai perceber como é gratificante transformar resíduos em algo positivo.
E agora, queremos saber de você!
👉 Qual tipo de compostagem você vai testar primeiro?
Conte pra gente nos comentários! Compartilhe dúvidas, ideias ou experiências — e vamos juntos espalhar essa cultura de cuidado com o planeta 🌱💬
