Bokashi, Vermicompostagem ou Composteira Tradicional? Entenda as Diferenças!

Nos últimos anos, o interesse pela compostagem doméstica tem crescido significativamente. Em meio às preocupações ambientais e ao desejo de reduzir a quantidade de lixo enviada aos aterros, muitas pessoas têm buscado formas mais sustentáveis de lidar com os resíduos orgânicos produzidos em casa. Compostar não só ajuda o meio ambiente, como também proporciona um adubo natural rico em nutrientes para hortas e jardins.

No entanto, nem todo método de compostagem é igual — e escolher a opção certa pode fazer toda a diferença no sucesso dessa prática. Fatores como o espaço disponível, o tipo de resíduo gerado e o tempo de decomposição desejado devem ser considerados antes de começar.

Entre os métodos mais populares, destacam-se o Bokashi, a vermicompostagem e a composteira tradicional. Cada um deles possui características específicas, com vantagens e desafios próprios.

Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre esses três sistemas e ajudar você a entender qual deles combina melhor com seu estilo de vida e suas necessidades. Pronto para descobrir qual método de compostagem é ideal para você? Vamos lá!

O que é Bokashi?

O Bokashi é um método de compostagem que tem origem no Japão e significa, em tradução livre, “matéria orgânica fermentada”. Desenvolvido com base nos princípios da agricultura natural, o Bokashi é uma técnica eficiente e rápida que utiliza a fermentação anaeróbica (ou seja, sem presença de oxigênio) para transformar resíduos orgânicos em um composto rico em nutrientes.

Como funciona o Bokashi?

Diferente da compostagem tradicional, que depende da ação de oxigênio e microrganismos aeróbicos para decompor a matéria orgânica, o Bokashi trabalha por meio da fermentação. Essa fermentação é promovida por uma mistura de microrganismos benéficos chamados EM (Micro-organismos Eficientes), que são adicionados a uma base rica em carbono, como farelo de arroz ou trigo. Essa mistura é conhecida como “farelo de Bokashi”.

Ao adicionar os restos orgânicos (como cascas de frutas, vegetais, borra de café e até alimentos cozidos) em um balde apropriado, alternando com camadas do farelo de Bokashi, inicia-se um processo de fermentação que dura cerca de duas semanas. O processo não gera mau cheiro e ainda resulta em um líquido rico em nutrientes, chamado de “chorume do Bokashi”, que pode ser diluído e utilizado como fertilizante.

Quais materiais são utilizados?

  • Balde hermético com torneira (Balde de Bokashi)
  • Farelo de Bokashi (mistura com EM)
  • Resíduos orgânicos diversos (inclusive alimentos cozidos, carnes e laticínios em pequenas quantidades)
  • Recipiente para coleta do líquido gerado

Vantagens do Bokashi

  • Processo rápido (em torno de 15 dias)
  • Pode compostar praticamente todo tipo de resíduo alimentar
  • Gera chorume fertilizante de alta qualidade
  • Não atrai insetos nem gera odores fortes
  • Ideal para apartamentos e pequenos espaços

Desvantagens do Bokashi

  • Requer compra contínua do farelo de Bokashi
  • Após a fermentação, o material precisa ser enterrado no solo ou adicionado a uma composteira para finalizar o processo
  • Pode ser necessário mais de um balde para lidar com grandes volumes de resíduos

O Bokashi é uma excelente opção para quem busca praticidade e rapidez na compostagem, especialmente em ambientes urbanos. Ele se destaca pela versatilidade na aceitação de resíduos e pela ausência de odores desagradáveis, mesmo em espaços fechados.

O que é Vermicompostagem?

A vermicompostagem é uma técnica de compostagem orgânica que utiliza minhocas para transformar resíduos orgânicos em húmus, um composto extremamente fértil e rico em nutrientes. Ao contrário do Bokashi, que se baseia na fermentação, aqui o processo é feito aerobicamente, ou seja, com a presença de oxigênio — e com a ajuda de pequenos, mas poderosos, aliados: as minhocas.

Como funciona a vermicompostagem?

Na vermicompostagem, os resíduos orgânicos (principalmente restos de frutas, legumes, borra de café, cascas de ovo, entre outros) são depositados em um sistema chamado vermicomposteira. Esse sistema é normalmente composto por bandejas empilháveis ou caixas adaptadas, com furos que permitem o deslocamento das minhocas e a drenagem do excesso de líquido.

As minhocas se alimentam desses resíduos e, ao digeri-los, produzem o húmus de minhoca, um adubo orgânico de alta qualidade. Além disso, o processo também gera um líquido chamado chorume (ou biofertilizante), que pode ser diluído e usado para regar plantas.

Quais tipos de minhocas são usados?

As espécies mais utilizadas na vermicompostagem são as Eisenia fetida, também conhecidas como minhocas californianas. Elas são ideais para esse processo porque:

  • Têm grande apetite por matéria orgânica
  • Se reproduzem rapidamente
  • Vivem bem em ambientes fechados e controlados

Outras espécies podem ser usadas, mas a Eisenia fetida é, sem dúvida, a mais comum em sistemas domésticos.

Cuidados necessários na vermicompostagem

  • Evitar alimentos cítricos, carnes e alimentos gordurosos, que podem prejudicar as minhocas.
  • Manter a umidade ideal do sistema (nem seco, nem encharcado).
  • Proteger do sol e da chuva, mantendo o sistema em local fresco e ventilado.
  • Não sobrecarregar com resíduos, especialmente nos primeiros meses, até que a população de minhocas cresça.
  • Monitorar a presença de insetos indesejados (como mosquinhas de fruta) e ajustar o equilíbrio entre material seco e úmido.

Vantagens da vermicompostagem

  • Produz húmus de alta qualidade, excelente para plantas
  • Método sustentável e educativo (ótimo para crianças)
  • Baixo custo de manutenção
  • Pode ser feito em apartamentos, desde que bem cuidado
  • Gera biofertilizante líquido (chorume)

Desvantagens da vermicompostagem

  • Exige cuidados constantes com umidade, temperatura e tipo de resíduo
  • Não aceita todos os tipos de resíduos (carnes, cítricos, laticínios)
  • Pode atrair insetos se mal manejada
  • Algumas pessoas têm resistência à ideia de lidar com minhocas

A vermicompostagem é uma excelente escolha para quem quer um processo natural e altamente nutritivo para plantas. Com os devidos cuidados, ela se torna uma prática simples, ecológica e muito recompensadora.

O que é a Composteira Tradicional?

A composteira tradicional é o método mais comum e conhecido de compostagem. Ela utiliza o processo aeróbico, ou seja, a decomposição da matéria orgânica ocorre com a presença de oxigênio, por meio da ação de microrganismos naturais presentes no ambiente. Esse sistema é ideal para transformar resíduos orgânicos em um composto nutritivo, conhecido como composto orgânico, que pode ser usado para adubar hortas, jardins e vasos.

Como funciona a compostagem tradicional?

O funcionamento da composteira tradicional é simples: resíduos orgânicos são depositados em um recipiente ou pilha, ao ar livre ou em local coberto, onde são naturalmente decompostos por bactérias, fungos e outros microrganismos. Para que o processo ocorra de forma eficiente e sem odores desagradáveis, é essencial garantir boa aeração, umidade adequada e um equilíbrio entre materiais secos e úmidos.

Quais materiais são utilizados?

Na compostagem tradicional, é importante manter o equilíbrio entre dois tipos de resíduos:

  • Resíduos úmidos (ricos em nitrogênio): cascas e restos de frutas, legumes, verduras, borra de café, saquinhos de chá, entre outros.
  • Resíduos secos (ricos em carbono): folhas secas, galhos triturados, papel não colorido, serragem, palha.

A proporção ideal costuma ser de 2 partes de material seco para 1 parte de material úmido, o que evita odores e acelera a decomposição.

Manutenção e tempo de decomposição

A manutenção da composteira tradicional envolve:

  • Revolvimento regular dos materiais (pelo menos 1 vez por semana) para garantir a oxigenação.
  • Controle da umidade, que deve se assemelhar a uma esponja úmida — nem seca, nem encharcada.
  • Monitoramento da temperatura, que naturalmente se eleva no início do processo devido à atividade dos microrganismos.

O tempo de decomposição varia entre 2 a 6 meses, dependendo do tipo de material, da frequência de manutenção e das condições ambientais (temperatura e umidade).

Vantagens da compostagem tradicional

  • Método simples, sem necessidade de equipamentos especiais
  • Ideal para quem tem quintal ou jardim
  • Pode receber grandes volumes de resíduos
  • Produz composto de alta qualidade para uso direto no solo
  • Baixo custo de implantação

Desvantagens da compostagem tradicional

  • Requer espaço ao ar livre ou área ventilada
  • Pode atrair insetos se mal manejada
  • Necessita revolvimento e atenção contínua
  • Tempo de compostagem mais longo em comparação a outros métodos

A composteira tradicional é uma excelente escolha para quem tem espaço externo e deseja uma solução natural, eficiente e de baixo custo para reciclar resíduos orgânicos. Com um pouco de prática e atenção, ela se torna uma poderosa aliada da sustentabilidade no dia a dia.

Comparativo entre os métodos

Agora que você já conhece os três principais métodos de compostagem — Bokashi, vermicompostagem e composteira tradicional —, chegou a hora de compará-los lado a lado. Abaixo, você encontra um resumo com os principais critérios para ajudar na escolha do sistema mais adequado ao seu estilo de vida:

CritérioBokashiVermicompostagemComposteira Tradicional
Tempo de compostagemRápido (cerca de 15 dias)Médio (1 a 3 meses)Lento (2 a 6 meses)
Tipo de resíduo aceitoAlimentos cozidos, carnes, laticínios, vegetaisResíduos vegetais crus, borra de café, cascasResíduos vegetais, folhas, papel, cascas
Espaço necessárioPequeno (ideal para apartamentos)Pequeno a médioMédio a grande (ideal em áreas externas)
OdorMínimo, levemente ácidoQuase nenhum, se bem mantidaPode haver odor se mal aerada
Complexidade de manutençãoBaixa (requer apenas adição de farelo e drenagem)Média (controle de umidade, alimentação das minhocas)Média a alta (revolvimento e equilíbrio constante)
Custo inicialMédio (compra do balde e farelo)Médio (vermicomposteira e minhocas)Baixo a médio (caixas ou composteira simples)

Resumo rápido:

  • Bokashi: Ideal para quem mora em apartamento, quer um processo rápido e não se importa em investir em farelo.
  • Vermicompostagem: Ótima para quem gosta de jardinagem e está disposto a cuidar das minhocas.
  • Composteira Tradicional: Perfeita para quem tem espaço e quer compostar grandes volumes de resíduo com menor custo.

Com essas informações, fica mais fácil identificar qual método se encaixa melhor na sua rotina. No próximo tópico, vamos ajudar você a tomar essa decisão com base no seu perfil.

Qual método escolher?

Agora que você já conhece as principais características do Bokashi, da vermicompostagem e da composteira tradicional, talvez esteja se perguntando: qual é o método ideal para mim? A resposta depende principalmente do seu espaço disponível, do seu estilo de vida e do nível de dedicação que você está disposto(a) a ter com a compostagem.

Veja abaixo algumas recomendações baseadas em diferentes perfis:

Quem mora em apartamento

Se você vive em um espaço pequeno, sem jardim ou área externa, o Bokashi é uma excelente opção. Ele ocupa pouco espaço, não atrai insetos e pode ser mantido dentro da cozinha sem gerar odores fortes. Além disso, aceita até mesmo alimentos cozidos e carnes, o que é uma vantagem para quem produz esse tipo de resíduo.

A vermicompostagem também pode funcionar bem em apartamentos, desde que o sistema seja bem cuidado e posicionado em um local fresco e ventilado, como uma área de serviço.

Quem tem jardim ou quintal

Para quem possui um espaço externo, as opções se ampliam. A composteira tradicional é altamente recomendada nesses casos, já que permite compostar grandes volumes de resíduos e não exige equipamentos específicos. O espaço extra também facilita o manuseio e o revolvimento do composto.

A vermicompostagem também pode ser uma ótima aliada no quintal, especialmente se você deseja produzir húmus de alta qualidade para o solo.

Quem busca rapidez

Se o seu foco é transformar os resíduos orgânicos em adubo no menor tempo possível, o Bokashi é o método mais indicado. Em cerca de 15 dias, a fermentação já está completa, e o material pode ser enterrado ou finalizado em outro sistema.

Quem quer evitar odores ou insetos

O Bokashi e a vermicompostagem, quando bem manejados, são os campeões nesse quesito. O Bokashi, em especial, por ser um sistema fechado e anaeróbico, praticamente não libera cheiro desagradável e não atrai insetos. A vermicompostagem, se mantida em equilíbrio, também é bastante discreta.

A composteira tradicional, por outro lado, pode gerar odores ou atrair mosquinhas se não houver o controle adequado da umidade, da aeração e da proporção entre resíduos secos e úmidos.

Cada método tem suas vantagens, e o mais importante é escolher aquele que se adapta melhor à sua realidade. Não existe uma única forma certa de compostar — o melhor sistema é aquele que você consegue manter com regularidade e satisfação.

Dicas práticas para começar

Decidiu que quer começar a compostar em casa? Excelente! Seja qual for o método escolhido — Bokashi, vermicompostagem ou composteira tradicional —, dar o primeiro passo é mais simples do que parece. Com algumas dicas práticas, você pode evitar erros comuns e garantir que seu sistema funcione com eficiência desde o início.

Onde encontrar kits e materiais

Hoje em dia, é fácil encontrar kits prontos e materiais para compostagem em lojas físicas e online. Aqui estão algumas opções:

  • Lojas de jardinagem e agropecuárias: muitas oferecem composteiras, minhocas californianas e farelo de Bokashi.
  • E-commerces como Mercado Livre, Amazon, e sites especializados: vendem kits completos para todos os métodos.
  • Cooperativas e projetos locais de sustentabilidade: em algumas cidades, há programas que distribuem composteiras gratuitamente ou com desconto.

Dica: Antes de comprar, verifique o tamanho do kit e se ele se adapta ao volume de resíduos que sua casa gera semanalmente.

Como evitar erros comuns

Evitar alguns deslizes no início pode poupar tempo e frustração. Veja os mais frequentes:

  • No Bokashi: não esquecer de drenar o líquido com frequência e manter o balde bem fechado para evitar odores.
  • Na vermicompostagem: não colocar alimentos cítricos, apimentados ou muito condimentados; e evitar encharcar o sistema.
  • Na compostagem tradicional: sempre intercalar resíduos úmidos e secos, e revolver a pilha com frequência para evitar mau cheiro e acelerar a decomposição.

Manter um equilíbrio entre umidade, oxigênio e tipos de resíduos é o segredo para qualquer sistema funcionar bem.

Conclusão

Ao longo deste artigo, exploramos três métodos eficazes e acessíveis para transformar resíduos orgânicos em adubo de qualidade:

  • O Bokashi, prático e rápido, ideal para quem vive em apartamento e quer compostar até alimentos cozidos e carnes.
  • A Vermicompostagem, que utiliza minhocas para produzir um húmus rico em nutrientes, perfeita para quem busca um método natural e educativo.
  • A Composteira Tradicional, uma solução clássica, indicada para quem tem espaço externo e quer lidar com volumes maiores de resíduos.

Cada método tem suas características, vantagens e desafios — mas todos compartilham um objetivo em comum: reduzir o lixo e devolver vida ao solo.

A compostagem doméstica é uma atitude simples, econômica e poderosa. Além de diminuir o impacto ambiental do seu dia a dia, você contribui para um planeta mais equilibrado, saudável e sustentável. 🌎

Agora é com você! Qual método você escolheu?

Deixe seu comentário abaixo e compartilhe sua experiência com a gente! 👇

Se já compostava, conte como foi começar. Se ainda está decidindo, diga qual parece mais adequado à sua realidade. Vamos aprender juntos!

FAQ – Perguntas Frequentes

Para ajudar você a começar com mais segurança, reunimos abaixo algumas dúvidas comuns sobre compostagem doméstica. Se ainda tiver perguntas, fique à vontade para deixar nos comentários!

Posso combinar os métodos?

Sim, é totalmente possível — e até recomendado em alguns casos!

Por exemplo: você pode usar o Bokashi para fermentar os resíduos (inclusive os que normalmente não são aceitos em outros sistemas) e, depois, transferi-los para uma composteira tradicional ou vermicompostagem para finalizar a decomposição. Essa combinação aproveita o melhor de cada método e acelera o processo.

O que não pode ser compostado em cada sistema?

Veja as principais restrições por método:

  • Bokashi: aceita praticamente tudo, inclusive alimentos cozidos, carnes, laticínios e frutas cítricas.
  • Vermicompostagem: não aceita carne, laticínios, alho, cebola, cítricos em excesso ou alimentos temperados, pois podem prejudicar as minhocas.
  • Composteira tradicional: evitar carnes, laticínios e alimentos oleosos, que podem atrair pragas e gerar odores desagradáveis.

O Bokashi tem cheiro ruim?

Não. Quando feito corretamente, o Bokashi não tem mau cheiro. O odor característico é levemente ácido, parecido com vinagre ou silagem, por conta da fermentação. Se houver mau cheiro (como de podre ou amônia), é sinal de que algo está errado — talvez excesso de umidade, contaminação com líquidos ou tampa mal vedada.

Posso fazer vermicompostagem sem minhocas?

Tecnicamente, não. A vermicompostagem depende das minhocas, especialmente da espécie Eisenia fetida (minhoca californiana), que é adaptada para esse tipo de ambiente. Sem elas, o processo se tornaria uma compostagem tradicional.

Se você não quer lidar com minhocas, talvez o Bokashi ou a composteira aeróbica seja uma opção mais adequada.

Tem mais dúvidas? Deixe nos comentários ou entre em contato! Compostar é um aprendizado constante, e estamos aqui para ajudar você nessa jornada sustentável. 🌱